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Culpa, raiz da autossabotagem


 



O sentimento de culpa, é uma emoção dolorosa que gera ansiedade, mal-estar, dificuldade para evoluir, ansiedades e profundas tensões internas. Sentimento de culpa exagerado, pode levar a um comportamento fracassado, a autopunição inconsciente e até gerar doenças.

As pessoas que se sentem culpadas tem baixa autoestima, sentem vergonha, tristeza, raiva e desdém de si mesmas.

A culpa é uma emoção que se apresenta de várias formas. Quando somos nós a sentir culpa exagerada, somos impedidos de sermos verdadeiramente felizes, pois ela nos remete ao medo e a autossabotagem, entretementes, quando fazemos os outros se sentirem culpados, manipulamos, subjugamos através da culpa para que realizem os nossos desejos e caprichos.

A culpa não é a melhor forma de persuadirmos os outros a atender nossas vontades, pois ela promove sentimentos negativos tanto em quem promove a culpa como em quem se sente culpado. A culpa mora no nosso mundo interno e define o nosso comportamento, mesmo sem a nossa consciência. Existem várias abordagens psicológicas sobre a culpa, mas aqui adotaremos a abordagem cognitiva. Essa abordagem defende que a culpa é uma emoção que sentimos quando achamos que cometemos um erro e causamos danos a nós mesmos e aos outros. Os pensamentos geram as emoções, portanto se pensamos que cometemos transgressões morais, erros, se geramos infortúnios, tragédias, brigas, separações, desentendimentos, acabamos sentindo culpa. Não tem como escapar dessa realidade.

Esse sentimento se instala em nós na infância quando achamos que não fazemos as coisas direito como os nossos pais desejam, e em algumas pessoas se torna um sentimento crônico, essas pessoas se culpam por tudo. Normalmente são pessoas que interpretam as situações baseadas em suas emoções e não na lógica dos fatos.

Uma forma de nos libertarmos da culpa crônica é nos libertarmos dos pensamentos automáticos. A abordagem cognitiva acredita que podemos nos libertar da culpa, mudando os nossos pensamentos já que são eles que geram as nossas emoções. Segundo a Dra. Susan Krauss Whitbourne, Ph.D. , e professora emérita de ciências psicológicas e cerebrais da Universidade de Massachusetts, existem 5 tipos de culpas, hoje falaremos do Tipo 1.


Tipo 1: Culpa pelo próprio comportamento

Culpa por algo que você fez. A razão mais óbvia para se sentir culpado é que você realmente fez algo errado. Esse tipo de culpa pode envolver danos a terceiros, causando uma dor física ou psicológica. Você também pode se sentir culpado por ter violado seu próprio código moral ou ético , como enganar, mentir ou roubar. A culpa pelo seu próprio comportamento também pode ser causada por algo que você jurou que nunca faria (como comer demais, beber, fumar, etc). Em cada um desses casos, não há dúvidas de que o comportamento ocorreu.

Sentir culpa quando machucamos alguém ou a nós mesmos é normal, do contrário seríamos psicopatas. O problema está quando somos dominados por esse sentimento. Não podemos mudar o que fizemos, mas podemos fazer diferente após uma profunda reflexão e tomada de decisão. Não podemos mudar o passado, mas podemos construir um novo futuro. Assim, precisamos aceitar nossos erros e aprender com eles, aceitar o que aconteceu e procurarmos reparar nossos erros.

Atendi outro dia no meu consultório uma senhora de quase 60 anos de idade profundamente deprimida. Conversamos muitas vezes e durante nossas conversas consegui convencê-la de que não adianta ela continuar se culpando por um aborto que fez aos 15 anos de idade. Ela fez o melhor que podia naquele momento, ao invés de continuar infeliz e se culpando ela poderia reparar o que fez. Com a voz engasgada na garganta ela me perguntou:

- Como eu posso reparar esse mau terrível que cometi?

Eu respondi: Se a senhora acredita mesmo que o aborto não deve ser cometido e carrega essa culpa com tamanho peso que está tirando sua vontade de viver e saúde, a senhora pode reparar o que fez, ajudando mães solteiras por exemplo, que escolheram ficar com seus filhos e lutam desesperadamente para mantê-los e educá-los. A senhora pode ser voluntária em uma creche, hospital, etc. A Senhora precisa aceitar que fez um aborto ainda muito jovem, que aqui não se trata de certo ou errado, mas sofre até hoje porque violou seus próprios padrões pessoais morais. Está doente e seu comportamento é negativo, porque é atormentada pela culpa, se não fizer algo que alivie esse sentimento, dificilmente terá sua saúde novamente. Experimente ajudar alguém, aconselhar, orientar, inspirar e motivar. Quando começar a fazer isso, tenho certeza que a sua culpa irá embora, porque nesse momento trocará a culpa pela reparação, ou seja pela responsabilidade.

Conversamos muitas vezes no meu consultório, nessa época ela estava muito doente, tempos depois melhorou muito e me ligou dizendo que estava trabalhando como voluntária no hospital do câncer e que estava muito feliz.

Em nossa última conversa deixei claro que ela precisava urgentemente ser responsável pelos seus atos. Expliquei que os erros do seu passado não deixariam de existir, mas com ações reparadoras trocaria a culpa exagerada e inútil pela responsabilidade por todos os seus atos, despertando as suas riquezas interiores.

Com atitudes reparadoras ela seria capaz de renascer a cada dia, a cada manhã, a cada por do sol, renovando suas esperanças em si mesma, sua fé, enchendo seu coração de amor. Reforcei que ela teria condições de reparar todos os seus erros com algumas armas secretas: a responsabilidade pelas suas novas escolhas, a aceitação de si mesma, o conhecimento profundo das suas fraquezas e virtudes, o amor, o autoperdão, a solidariedade e a caridade. Seria uma longa jornada de aprendizado e descobertas. Ela teria que sair do papel de algoz de si mesma, de vítima de si mesma e fazer novas escolhas escrevendo um novo roteiro para sua vida.

Com o passar do tempo fiz ela compreender que as suas dores e frustrações, eram fruto apenas da sua memória e que era apenas e tão somente essa memória que não lhe dava paz e a fazia sofrer. O passado não existia mais. Por que então ela sofria tanto? - Em sua memória estavam vivos os seus atos. Sentia culpa e remorso por que sua memória não lhe permitia esquecer o que fez, e o que fez a machucou, feriu profundamente seus próprios princípios morais, magoou de forma indelével a si mesma.

No final do tratamento ela concluiu que a sua memória era o seu cárcere, o seu juiz. Apenas e tão somente a sua memória e nada mais... Respirou fundo, fez novas escolhas, recuperou a saúde e hoje todas as tardes atende no hospital dezenas de pessoas. Ela amadureceu, deixou de ser uma adolescente infeliz, parou de criar infelicidade para si mesma e para os seus familiares.

E você tem permitido que a culpa e a sua memória o machuquem? Lembre-se: são apenas memórias. Troque a culpa por responsabilidade. Livre-se delas.

Forte Abraço

Tania Queiroz

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